Nove benefícios de colorir desenhos na terceira idade

Se a sua resposta foi “não”, eu te convido a repensar essa resposta depois de ler o que tenho pra te contar aqui. Colorir não é só coisa de criança, nem passatempo bobo. É uma daquelas atividades que, quando a gente redescobre, dá vontade de falar: “por que eu não comecei isso antes?”. E é exatamente isso que venho observando em muitos amigos e conhecidos da terceira idade — gente que reencontrou prazer, foco e até um novo círculo de amizades só por ter se permitido segurar um lápis de cor novamente.

No começo, a gente até estranha. Parece perda de tempo. Mas a verdade é que colorir desenhos é uma porta de entrada para uma série de benefícios profundos, especialmente quando a gente vai ganhando experiência de vida. A mente desacelera, o coração acalma e o presente ganha uma textura mais bonita. E não estou romantizando, não. Vou te mostrar, um por um, os nove benefícios que essa atividade simples pode trazer pra sua vida — ou pra vida de alguém querido que já passou dos 60.

Colorir ajuda mesmo a memória?

Sim, e mais do que isso: colorir estimula o cérebro como um todo. Quando escolhemos cores, delimitamos espaços e nos concentramos na tarefa, o cérebro trabalha com áreas ligadas à atenção, criatividade e memória de curto prazo. Sabe aqueles momentos em que você entra no que chamam de “estado de fluxo”? É o que acontece durante uma boa sessão de colorir. A mente se organiza, a confusão mental se dissipa e, aos poucos, atividades cotidianas começam a ficar mais fáceis de executar.

E quanto ao estresse e à ansiedade? Colorir alivia mesmo?

Completamente. Eu costumo comparar o ato de colorir com meditação ativa. Ao focar nos contornos e tonalidades, o cérebro desvia daquilo que preocupa — seja uma conta, um diagnóstico ou uma saudade. O corpo responde também: a respiração desacelera, o ritmo cardíaco se equilibra e o cortisol (hormônio do estresse) tende a cair. Em muitos casos, pessoas que sofrem com insônia ou inquietação encontram na pintura um ritual noturno de descanso mental.

Colorir pode ajudar na coordenação motora na terceira idade?

Pode e ajuda muito. O simples ato de segurar o lápis e controlar o movimento para não “sair da linha” é uma ginástica fina para mãos e dedos. Quem tem artrite, artrose ou tremores leves costuma se beneficiar bastante, porque colorir exige movimentos repetitivos suaves — e isso fortalece as articulações sem exigir esforço exagerado. É como uma fisioterapia lúdica e espontânea.

Existe algum impacto emocional envolvido?

Existe e é gigante. Colorir é um resgate emocional. Cada página pode evocar memórias da infância, sensações de liberdade ou mesmo criar novos significados. Eu já vi gente se emocionar ao terminar um desenho, sentindo que conseguiu “terminar algo bonito”, depois de anos sentindo que a vida só era feita de obrigações. É também um meio de expressar sentimentos que às vezes não conseguimos colocar em palavras.

Pode virar uma atividade social?

Com certeza. Muitos grupos de convivência já incorporaram sessões de colorir nos encontros semanais. E mais: plataformas online estão cheias de comunidades de coloristas 60+, trocando desenhos, técnicas, paletas e até promovendo desafios mensais. É uma forma de criar laços, construir amizades e se sentir parte de algo. E quem diria que um lápis de cor poderia criar pontes entre pessoas de diferentes cidades?

Tem algum benefício cognitivo mais profundo?

Sim, principalmente em relação à prevenção de declínios cognitivos. Vários estudos têm apontado que atividades artísticas e visuais ajudam a manter o cérebro ativo e saudável, especialmente em fases iniciais de doenças como Alzheimer. Não é uma cura, claro, mas pode ser um retardador do avanço e uma forma de melhorar a qualidade de vida. Colorir estimula o cérebro a fazer novas conexões, e isso é ouro na terceira idade.

Colorir pode inspirar novas formas de se ver e viver?

Eu diria que sim. Já vi muitas pessoas começarem colorindo mandalas simples e, em pouco tempo, estarem criando suas próprias ilustrações, aprendendo aquarela ou até vendendo arte digital. O impulso criativo não tem idade. E, muitas vezes, ele estava ali, adormecido, esperando só um empurrãozinho. O colorir pode ser esse primeiro passo rumo a uma redescoberta pessoal.

E se eu nunca fui “bom com as artes”?

Ótimo! Não precisa ser bom. Colorir não é sobre perfeição, é sobre presença. Cada risco fora da linha, cada mistura de cor estranha é parte do processo. Aliás, libertar-se da ideia de certo e errado é um dos maiores presentes dessa prática. Ao contrário de muitas atividades que cobram performance, colorir acolhe o amadorismo com carinho. E isso, na terceira idade, é um alívio enorme.

Mas é realmente divertido ou é só um modismo?

É divertido sim, e o melhor: é acessível. Um estojo de lápis e um caderno de desenhos são suficientes pra horas de prazer. Pode ser feito sozinho, com netos, em grupo ou até ouvindo música. É um passatempo que respeita o tempo de cada um, não tem contraindicação e ainda deixa o mundo um pouco mais colorido — literalmente. E cá entre nós: no meio de tanta notícia ruim, não é uma delícia se permitir uma hora de cores, silêncio e paz?

Colorir na terceira idade é mais do que um hobby: é um gesto de cuidado consigo mesmo. Experimente e depois me conte como foi.

Quais tipos de desenho são mais indicados para começar?

Se você está começando agora ou quer incentivar alguém a começar, minha dica é: vá de leve. Nada de pegar aqueles livros cheios de detalhes minúsculos logo de cara — isso pode mais frustrar do que relaxar. Comece com desenhos de mandalas simples, flores grandes, animais estilizados ou formas geométricas. Esses modelos são ótimos porque não exigem uma precisão absurda, e ainda assim entregam um resultado visual muito gratificante.

Outra boa pedida são os livros de colorir voltados para o público adulto — sim, eles existem e fazem o maior sucesso. Alguns têm até temas terapêuticos, como “jardins secretos”, “florestas encantadas”, “paisagens do mundo”, entre outros. Muitos desses livros trazem frases inspiradoras, o que transforma o momento em algo ainda mais íntimo e positivo.

E se os olhos já não ajudam tanto, vale apostar em versões com traços mais largos e espaços maiores. Hoje em dia há até materiais desenvolvidos especialmente para idosos, com ilustrações acessíveis e páginas mais espessas, que evitam borrões. O importante é manter o prazer e não transformar isso em mais uma obrigação.

Que materiais eu preciso ter para começar?

Nada de complicado. Um kit básico de lápis de cor, um apontador e um bom papel já dão conta do recado. Mas claro, se você se empolgar — e aviso desde já que é bem provável — dá pra ir experimentando outros materiais: lápis aquareláveis, canetinhas, pastel seco, giz de cera, marcadores… Cada um tem sua textura, seu jeito, seu desafio.

Tem gente que chega a montar um “cantinho da pintura” em casa, com uma luminária boa, uma música ambiente, uma caneca de chá ao lado. É quase um ritual. E por que não? Criar um espaço pra si mesmo, onde o tempo passa devagar e as cores ganham voz, é um luxo necessário. Especialmente quando o mundo lá fora parece girar rápido demais.

Ah, e se preferir a praticidade, há também muitos aplicativos e sites de colorir digital. É uma opção bacana pra quem tem familiaridade com tablets, já que o toque substitui o traço e as cores são aplicadas com um simples clique. Não tem certo ou errado — o melhor material é aquele que te faz querer voltar amanhã pra colorir mais uma página.

Colorir pode virar um legado?

Pode, e muitas vezes vira. Já pensou transformar seus desenhos favoritos em cartões, quadros ou até pequenos presentes personalizados? Uma amiga minha começou colorindo só por passatempo e hoje faz marcadores de livro artesanais com as ilustrações que pinta. Outra encaderna seus próprios livros de colorir, com frases que ela mesma escreve, e distribui entre os netos.

Esse tipo de gesto cria memória, aproxima gerações e reforça uma ideia poderosa: a de que nunca é tarde para criar, compartilhar e deixar um pedacinho de si no mundo. Seja uma pintura simples ou uma obra cheia de técnica, aquilo que você colore carrega sua energia. E isso vale mais que qualquer diploma ou reconhecimento externo.

Colorir na terceira idade não é moda passageira — é uma forma de resistir ao apagamento, de celebrar o presente e de manter viva a capacidade de se maravilhar com o simples. E o simples, a gente sabe, é tudo que mais faz falta hoje em dia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *